REPRESONTOLOGIA ELEMENTAR: MERGULHANDO NA REPRESENTAÇÃO
- Ricardo Cortez Lopes
- 12 de ago.
- 2 min de leitura
Por Ricardo Cortez Lopes*
Uma das premissas do método represontológico é a escalabilidade: a representação pode ser investigada por diferentes níveis de aproximação — da macro à conversacional, da conversacional à micro. Nessa lógica, a primeira escala é a representação estática, voltada a compreender a representação “por dentro”; a segunda é a cinética, que analisa seu comportamento “por fora”; a terceira é a referencial, que identifica novos referentes para a criação de novas representações; e a última é a elementar, dedicada ao estudo dos componentes internos da representação em diálogo com conceitos de outras áreas. E é justamente sobre essa última — a menos popular nos estudos não modulares — que vale aprofundar a conversa.
A representantologia é um campo ainda recente, sem gerações consolidadas de pesquisadores. Por isso, neste momento inaugural, ela não pode se isolar: precisa dialogar com conceitos de outras ciências, especialmente com os estudos representacionais. Essa é exatamente a função da represontologia elementar: uma vertente teórica responsável por formular e testar conceitos represontológicos a partir da pesquisa e da comparação interdisciplinar.
A representação é formada por componentes internos — como o núcleo central ou o bode expiatório — e por componentes externos, visíveis no comportamento. Essas partes são independentes, o que abre espaço para comparações com elementos teóricos de outras disciplinas. Por exemplo: que tal aproximar o núcleo associativo da noção de núcleo figurativo da teoria das representações sociais? Ou discutir o referente à luz do representado de Chartier? Pode parecer um exercício supérfluo, mas ele traz vantagens estratégicas para o desenvolvimento da teoria:
Testar a coerência conceitual: confrontar conceitos dentro e fora da representantologia reforça a consistência teórica e epistemológica do campo.
Posicionar a represontologia entre as demais ciências: ainda que se possa argumentar que conceitos de áreas distintas sejam incomensuráveis, a comparação ajuda a delimitar o próprio objeto represontológico — é quase um treino de sparring teórico.
Mapear possíveis parentescos: embora haja afinidades evidentes com a sociologia durkheimiana e a psicologia social moscoviciana, a entrada de novos autores no campo pode revelar outras conexões.
Explorar temas-limite para outras áreas: toda ciência possui fronteiras, e alguns tópicos permanecem pouco explorados por conta dessas delimitações. A representação, ao problematizar tais temas, pode oferecer contribuições diretas.
Percebe como se trata de uma área reflexiva, mais voltada à elaboração conceitual do que à coleta empírica, e que exige um olhar interdisciplinar? Resta a pergunta: você se vê comprometido com essa subdivisão da representação?
Tags: #Represontologia #Repraesontologia #Representação #TeoriaRepresontológica #RepresontologiaElementar
* Escritor e Pesquisador. Doutor, Mestre e Graduado em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.




Comentários