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PSICANÁLISE E REPRESONTOLOGIA

Por Ricardo Cortez Lopes* e Rafael Amaral de Oliveira**


A Psicanálise e a Representação guardam uma notável proximidade, uma vez que o próprio fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, já abordava a noção de representação da coisa (tema que pode ser explorado na série “As representações dos outros” no perfil da @revistacolirium no Instagram). Seus seguidores igualmente retomaram essa reflexão. Trata-se, portanto, de um conceito profundamente enraizado nesse campo. Mas como estabelecer um diálogo com a própria Represontologia, a ciência dedicada às representações?


Evidentemente, não há apenas uma vertente de Psicanálise, mas um conjunto de abordagens distintas, que se diferenciam tanto nos autores — como Freud com a ênfase na sexualidade, Lacan com a centralidade da falta e Kohut com a teoria do Self — quanto nas formas de aplicação clínica. Ainda assim, é possível estabelecer uma delimitação flexível que nos permita, ao menos, iniciar o debate.


A Psicanálise constitui um arcabouço teórico construído ao longo de décadas a partir da prática clínica, originando técnicas voltadas à compreensão de determinados comportamentos que se manifestam em diferentes camadas da experiência psíquica. Essa busca se realiza pela investigação do inconsciente humano, espaço onde se acumulam vivências diversas e que exerce papel fundamental na formação da subjetividade do indivíduo.


Podemos abordar a Psicanálise a partir da Represontologia. Trata-se de um sistema de representações — cujas diferentes peças explicam a diversidade entre os autores — que se origina na própria noção de representação e, a partir dela, articula outras representações, como as da falta, da sexualidade, entre tantas outras.


Mas também é viável interpretar a Represontologia a partir da Psicanálise. Certas representações formadas carregam efeitos que escapam ao consciente e permanecem recalcadas, podendo ser trazidas à tona pelo terapeuta por meio da abreação. Assim, o trauma se configura como uma representação oculta, que atua no inconsciente e que necessita ser desvelada para que seja possível transformar o seu núcleo.


No que se refere às semelhanças, a Psicanálise trabalha com o que está velado, assim como a Represontologia, já que toda representação se apresenta de forma mediada. Ambas também podem dialogar com a dimensão da saúde: a Represontologia enquanto trama de vínculos entre representações, e a Psicanálise no âmbito específico da saúde mental.


No que concerne às diferenças, a Psicanálise concentra-se no indivíduo, ao passo que, para a Represontologia, o sujeito constitui apenas um mote para a identificação das representações. Além disso, a Psicanálise tende a se apoiar em uma lógica mais dedutiva, enquanto a Represontologia adota uma orientação mais indutiva, ao buscar continuamente a modificação de seus próprios modelos interpretativos. Nesse sentido, como observa Élisabeth Roudinesco em Dossiê Freud, o inconsciente resulta da exclusão de sentimentos, desejos e pensamentos que o sujeito não quer admitir, mas que, mesmo assim, permanecem atuantes na vida psíquica sem que ele se dê conta.





* Escritor e Pesquisador. Doutor, Mestre e Graduado em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

** Escritor e Pesquisador. Graduado (Licenciado e Bacharel) em Educação Física (Faculdade Uirapuru / FEFISO). Especialista em Personal Trainer e Musculação (FEFISO) e em Biomecânica da Atividade Física e do Esporte (UNINTER).

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