GLOSSÁRIO
Conheça os conceitos que, atualmente, compõem a ciência represontologia. Esse glossário foi feito com base no livro "Repræsontologia: Fundamentos da Ciência das Representações" (2024), do sociólogo Ricardo Cortez Lopes.
PRINCIPAIS CONCEITOS DA REPRESONTOLOGIA
Represontologia
É a ciência que se responsabiliza por estudar as representações como objetos em si mesmas, investigando a sua constituição e o seu comportamento.
Complexo Acoplamento Representação-Estímulo
Região da representação na qual um estímulo é pareado com uma representação, que busca fazer uma leitura do fenômeno para significá-lo. Há chances de erro na primeira associação promovida porque existem muitos ruídos comunicacionais possíveis no trabalho dos sentidos, mas as aproximações posteriores tendem a promover a aproximação correta.
Analista Representacional
Profissional que utiliza as representações como ferramentas para investigar a diferença entre as representações que se esperam e as representações que existem em determinado escopo investigativo.
Comunicação
Processo pelo qual a representação é expressa fora da mente humana, de maneira intangível (como a fala, os gestos etc.) ou de maneira tangível (como em uma peça de arte, ferramenta, um escrito etc.).
Athena
É a divindade grega não-absoluta que representa a represontologia, uma vez que ela foi “gestada” na cabeça de Zeus e depois frequentou o mundo humano, sendo ela mesma representada em imagens e símbolos.
Bingo (Modelo)
E o modelo que explica o modo como a representação codifica estímulos, prescindindo de um acoplamento representação-estímulo.
Bode Expiatório
Região interna da representação na qual um estímulo não é integrado no Reservatório Factual. Tal como o conceito de Pichon-Riviere, ele cria exceções que se integram ao Reservatório Factual.
Celular (Modelo)
É o modelo que explica como funciona uma representação estabilizada e outra em mudança de núcleo associativo.
Colcha de Retalhos
Modelo de representação externa que está disponível para a apreciação das representações internas de indivíduos, mediadas pela comunicação.
Comparabilidade
Segundo a terceira regra do método represontológico, as representações podem ter seus elementos descobertos pela comparação entre elas, o que nos permite uma atividade indutiva. Por isso, apesar de remeterem a diferentes referentes, duas representações podem ser comparadas.
Dinâmica (Represontologia)
É o nível de análise que evidencia o movimento das representações, tornando-se um o estímulo da outra e inuindo nos núcleos associativos. Esse nível estuda o movimento das representações.
Elementar (Represontologia)
É o nível de análise que estuda os elementos internos da representação, comparando eles com construções de outras disciplinas. Ela é essencial para demarcar o espaço ocupado pela represontologia entre as outras ciências.
Mídia
É tudo aquilo que carrega as representações e que as permitem ter contato com os sentidos humanos. É um conceito um pouco mais amplo da que adotam as ciências da comunicação, pois, para a represontologia, uma pedra pode ser uma mídia por mediar representações.
Estática (Represontologia)
É o ramo que estuda as representações estabilizadas e as em trânsito. Está melhor explicada no modelo celular.
Estímulo
Tudo aquilo que passa pelos nossos cinco sentidos e que chega no acoplamento representação-estímulo. Logo, são as sensações que nos chegam a partir do aparato cognitivo. Não confundir com o baheviorismo.
Estoque Representacional
Área da representação onde são abrigadas as representações distintas do núcleo associativo e que não possuem ecácia simbólica. Por exemplo, podemos considerar que Política = Extorsão, mas isso não quer dizer que saibamos que existem pessoas que vão considerar Política = Democracia, Política = Racionalidade, etc. Não deve ser considerado como um estoque que só se retira itens, ele é um estoque de tipo dinâmico.
Externa (Representação)
Adjetivo para as representações que não estão mais na mente individual e estão comunicadas, seja em um objeto, seja na fala. Objetos são representações externas de algo que foi planejado internamente, e comunicam ideias ou fatos.
Hipótese
Em represontologia, os estudos modelares tomam os modelos como hipótese. Para estudos não modelares, a hipótese já é a mais tradicional, uma resposta provisória ao problema de pesquisa
Individualista
É uma das regras sobre o método represontológico: a representação deve ser encarada como um indivíduo, que possui uma trajetória. É substancialmente diferente dos dizeres de Émile Durkheim sobre o fato social ser considerado como uma coisa.
Interna (Representação)
São as representações que ainda não foram comunicadas para os outros indivíduos. Elas estão no interior da mente e estão produzindo interpretações. Empiricamente, elas são percebidas quando são expressas pelas representações.
Modelo
Representação gráca das representações que permite colocar em uma ordem de inteligibilidade para seu funcionamento e dinâmica. Os modelos até o momento são o celular, o bingo e o de colcha de retalhos.
Mundo Externo
É o conjunto de objetos que podem ser sentidos pela cognição. Não se está falando de um realismo ingênuo, como se o mundo externo fosse a realidade última na represontologia, o mundo externo é complexo e deve ser debatido por meio das diferentes representações.
Negacionistas (Representações)
São as teorias das representação que consideram que a representação não consegue levar ao conhecimento; são um contorno dele.
Níveis de Análise
As representações podem ser analisadas de maneira nano, próxima, medial ou distante. Correspondem à quarta regra do método represontológico.
Núcleo Associativo
É o lugar da representação onde se guarda a associação entre o referente e uma representação. Ele faz uma conexão lógica entre ambos, mas é um núcleo frágil e que precisa ser alimentado com fatos para poder se manter estabilizado.
Periferia
É a região que está entre o núcleo central e o reservatório factual. Quando a representação interna não está corretamente alimentada, a periferia se expande para receber as representações do estoque, e assim elas se tornam factíveis para o reservatório factual.
Região de Julgamento Moral
Se para a losoa é uma atitude, na represontologia é uma área da representação onde se bate o estímulo (acontecimento/ideia) com o núcleo associativo. Vai ser o primeiro momento de validação, e daí se geram 3 destinos possíveis: (1) se o estímulo corroborar o núcleo, ele vai ser guardado automaticamente no reservatório factual e a representação estará "alimentada"; (2) se não corroborar o núcleo, a representação pode começar um processo de trânsito; ou (3) esse estímulo, em não corroborar, poderá ser enviado para o bode expiatório e lá ser armazenado como exceção, deixando o núcleo associativo intacto.
Reservatório Factual
É a área da representação onde se guardam fatos que alimentam o núcleo associativo, com o intuito de mantê-lo estável.
Realista (Representação)
São as representações que se consideram como o conhecimento em si mesmo, geralmente as que foram formuladas na Antiguidade e na Idade Média
Referencial (Represontologia)
É o ramo da representologia que estuda diretamente os referentes, buscando referentes que ainda não foram detectados pela represontologia até o momento. É, portanto, um esforço de desbravamento de novas representações.
Referente
É tudo aquilo que uma representação ambiciona reproduzir, embora o referente seja imensurável, então não se encontrará uma representação integralmente el. É possível que uma representação se torne referente também.
Regras do Método Represontológico
São as regras que permitem que consigamos distinguir as representações de outros fenômenos. São elas:
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1ª) As representações devem ser consideradas como moldes moldantes (em uma lógica parecida com as estruturas estruturantes) e são maneiras de modular a realidade e produzir comunicação, presencial ou não; a comunicação são as evidências;
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2ª) As representações precisam ser encaradas como “indivíduos”, no sentido que elas possuem comportamentos, biografias e interagem entre si;
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3ª) O conteúdo de uma representação, quando apreciado de maneira comparativa com outras, permite chegar à constituição das representações por um processo de indução;
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4ª) As representações são observáveis em diferentes escalas. Elas podem se (a) associar - apreciadas em diferentes escalas e podem formar sistemas, nas quais alimentam-se mutuamente com seus elementos ou (b) conitar - formando uma fauna em busca do referente fugidio.
Representação
Em termos constitutivos, trata-se um sistema especular simbólico-material que alimenta um núcleo associativo (utilizando elementos físicos e simbólicos que o corroborem), cujo objetivo é tentar duplicar proporcionalmente um referente externo a ela, existindo em função dele. Seu comportamento é o de buscar a sua fusão com o referente a partir de seu espalhamento, tornando-se sinônimo dele.
Represontólogo
Prossional que produz pesquisas empíricas que contribuem com investigações para a represontologia.
Técnicas (Representações)
São as representações ilustrativas que são criadas intencionalmente para comunicar dados oriundos de pesquisa, ou para formular hipóteses.
Teoria dos Contextos Representativos
É uma teoria sociológica que é anexada com a Teoria das Representações Sociais e produz movimento para estas últimas. Seu desenvolvimento foi o primeiro passo para produzir reflexões sobre a representação em si, o que originou, posteriormente, a represontologia.
Teorias da Representação
São as teorias que utilizam a representação para coletar e analisar dados para outras ciências ou disciplinas. Assim, as representações aparecem como ferramentas.
Trânsito
É um processo pelo qual um núcleo associativo se desfaz e o referente é pareado com alguma outra representação.
Unidade de Análise
A unidade de análise na represontologia sempre serão as representações, pois o intuito é estudar a natureza e o comportamento das representações.
Vida representacional
A representação é complexa o suciente para ter uma vida, e aqui são alguns sentidos: (1) as pessoas possuem uma vida composta de representações individuais e (2) as representações se transformam e isso gera uma história delas mesmas, detectadas por um revisão bibliográfica.
Atrator
Trata-se de um evento ou conceito que atrai as representações, desencadeando uma competição entre elas na tentativa de definição.
Multivíduo
Essa noção é crucial para situar o indivíduo (e, consequentemente, as representações) nos contextos, uma vez que cada pessoa é composta por múltiplas identidades moldadas pelos diversos grupos aos quais pertence simultaneamente. Embora compartilhe semelhanças com a interseccionalidade foucaultiana, essa abordagem se diferencia ao não considerar as opressões como único parâmetro.