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COMO SERIAM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NOS GOVERNOS LULA E BOLSONARO EM 2023-2027?

Atualizado: 10 de fev. de 2023



Por Alexandre Gossn*


Saudações, caríssimos e caríssimas.


A grande pergunta por trás deste pequeno texto é: como seriam os governos Lula e Bolsonaro para 2023-2027 em relação às Relações Internacionais? Ambos os postulantes à Presidência da República do Brasil (Lula e Bolsonaro) se diferenciam bastante na forma de projetar a imagem brasileira mundo afora, mas, em alguns pontos, existem semelhanças.

Vamos ponderar/projetar a partir de tópicos. Acompanhem...


GUERRA RUSSO-UCRANIANA: tanto Lula como Bolsonaro não condenariam claramente a Rússia. Bolsonaro se tornou aliado de Putin e próximo de Orbán (aliado para todas as horas de Putin), enquanto Lula defende uma solução multilateral para o embate. Ganhando um ou outro, pouco muda.


CHINA: novamente, não haveriam a priori grandes mudanças. O relacionamento com a China se impõe de forma pragmática, visto que os chineses são os maiores parceiros econômicos não apenas do Brasil, mas de todos os países da América do Sul. Com a eleição de Biden, Bolsonaro também se afastou dos EUA e reduziu a retórica belicista em face de Pequim, mas o fato é que os chineses são pragmáticos o suficiente para lidar com ambos os candidatos.


EUA: aqui podemos dividir o tema em dois momentos: enquanto Biden estiver no poder, se Bolsonaro for o eleito, o relacionamento tende a se manter morno, vez que os EUA não podem renunciar completamente aos negócios e influência no Brasil, porque isto permitiria uma penetração ainda maior da China, o que em verdade já parece irreversível. Mas essas relações podem mudar drasticamente se Trump ou um indicado seu for eleito nas eleições vindouras. Neste caso, sendo Bolsonaro o presidente, é possível uma guinada pró-EUA; lado outro, sendo Lula, as relações tenderiam a se manter mais institucionais.


UNIÃO EUROPEIA: o acordo com o Mercosul depende de homologação e aqui, neste ponto, a vitória de Lula ou Bolsonaro tende a fazer maior diferença. Bolsonaro cobrou o quanto pôde a UE para que o acordo fosse homologado ainda em 2022, mas as autoridades de Bruxelas não aceitaram a pressão e, em verdade, preferem não celebrar o acordo com o presidente brasileiro. Há um motivo para isso: custo político. Como Bolsonaro não é bem avaliado pelos europeus, muitos líderes da UE preferem não associar a imagem com a do mandatário brasileiro. Com Lula, a dinâmica seria diferente: não haveria esse custo político, mas há o risco do novo presidente desejar renegociar tudo.


MERCOSUL: sob Bolsonaro, a entidade deve prosseguir esvaziada, especialmente porque os demais integrantes são governados pela centro-direita, centro-esquerda e esquerda, enquanto eventual vitória de Lula deve robustecer a posição do grupo, inclusive com a possibilidade de adoção de moeda única e criação de Banco Central do Mercosul.


ONU: sob Lula, o Brasil possivelmente voltaria a ser mais protagonista em eventos e ações multilaterais, especialmente em práticas contra a fome e proteção ambiental, ao passo que sob Bolsonaro não devemos assistir grandes mudanças com relação aos últimos 4 anos. O país deve prosseguir sendo hostilizado por grande parte dos membros provenientes das Democracias liberais.


BRICS: no início do mandato, Bolsonaro deixou de lado o grupo e esvaziou a participação brasileira, focando na aproximação com Trump/EUA. Após a eleição de Biden, Bolsonaro se voltou para a Rússia e estancou a retórica agressiva em face da China, como parceira incontornável do país. Sob Lula, é provável que o país passasse a prestigiar a parceria com os membros dos BRICS; e o Brasil deve passar a apoiar o ingresso de mais membros que já manifestaram interesse na entrada, tais como Argentina, Angola e Nigéria.


ÁFRICA: Lula irá ampliar parcerias como fez de 2003/2010 e talvez tentar amenizar as rusgas que as empresas brasileiras têm tido com o governo angolano; enquanto Bolsonaro, por outro lado, parece só preocupado com o destino da Igreja Universal na região. O fato é que Bolsonaro não demonstra compreensão e interesse na África, continente que viverá uma explosão de desenvolvimento nos próximos 20 anos.


Esta é uma projeção feita a partir da ponderação do que vimos nos dois mandatos de Lula, entre os anos de 2003 e 2010, bem como acerca do último mandato de Bolsonaro, de 2019 a 2022, no que se refere às relações internacionais do Brasil. Uma análise mais acurada dos governos dos dois presidentes serve-nos para traçar perfis (mesmo que gerais), inclusive acerca das possíveis (e prováveis) formas de lidar com outros Estados (cada qual do seu modo).


Um abraço, paz e ótima semana!



* Escritor, Pesquisador, Doutorando em Estudos Contemporâneos pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra, Mestre em Direito Ambiental pela Universidade Católica de Santos, Urbanista e Advogado.

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