Por Alexandre Gossn*
Saudações cordiais a todos e todas.
Passados nove dias desde a apuração, é possível, após examinar os números, concluir algumas coisas sobre o primeiro turno e, assim, projetar o que pode ocorrer no segundo turno.
O resultado em números arredondados foi este:
Outros – 1% Ciro – 3% Tebet – 4% Bolsonaro – 43% Lula – 48%
Partindo da premissa que raramente quem anula no primeiro turno deixa de anular no segundo e de que as abstenções em geral são iguais ou ligeiramente maiores, podemos dizer que o primeiro turno destas eleições de 2022 produziram uma das maiores polarizações da história do país: se olharmos os números, não existem candidatos intermediários. Lula e Bolsonaro desidrataram tanto os demais, que todos se tornaram "nanicos".
Isso implica reconhecer que não existem muitos apoios decisivos que os dois postulantes poderão receber dos demais candidatos derrotados. Como o índice de rejeição de Lula (40%) e Bolsonaro (55%) é dos mais elevados que já se registrou, as chances de um roubar votos do outro são mínimas, o que os compelirá a terem que tentar coletar votos dos demais candidatos.
A soma dos "nanicos" (Soraya, Ciro e Tebet) foi, segundo a apuração, algo em torno de 8% no primeiro turno, sendo que Bolsonaro ficou atrás de Lula por somente 5%.
Tudo leva a crer que teremos um segundo turno eletrizante, um verdadeiro thriller psicológico e de ação política, mas já podemos fazer alguns prognósticos com base nos dados que citamos acima:
– Jair Bolsonaro venceu no Estado de SP por conta do interior e litoral, mas perdeu no ABC e Capital/SP;
– Lula perdeu em todos os Estados do Sul/Sudeste, menos em Minas Gerais.
Bolsonaro tentará reduzir a vantagem de Lula no ABC e grande São Paulo por meio do apoio de Rodrigo Garcia (PSDB) e tentará reverter os votos da dianteira de Lula em Minas Gerais por meio do apoio de Zema, governador mineiro reeleito. São dois apoios poderosos e dois palanques imensos que o atual presidente recebeu nesta nova fase das eleições.
Bolsonaro está no jogo e bem posicionado.
Por outro lado, há que se dimensionar o tamanho do seu desafio: se por um lado a vantagem absoluta de Lula em votos não é elevada (apenas 5 pontos), por outro a vantagem relativa não é fácil de ser revertida. Afinal, como exposto acima, os dois terão dificuldades em reverter votos um do outro, ambos tentarão coletar os votos de Tebet & CIA, que, juntos, somam 08 pontos.
Logo, se Lula mantiver a votação do primeiro turno, Bolsonaro – para derrotar o ex-presidente – precisa obter um pouco mais que 7 dos 8 pontos disponíveis, ou seja: 87,50% dos votos que estão em jogo.
Se o atual cenário se manter, de cada 4 votos em aberto, o presidente terá que obter mais que 3, para ao menos EMPATAR com LULA.
Salvo algum acontecimento escatológico ou extraordinário, é possível se projetar que o resultado destas eleições será um dos mais apertados da história, talvez bastante similar ao das eleições de 2014, quando Dilma e Aécio terminaram quase empatados, o que, por outro lado, aumenta substancialmente as chances de impugnação do resultado final.
Resta-nos, neste momento, aguardar os resultados do segundo turno, que acontecerá no dia 30 de outubro, e torcer para que tudo ocorra bem.
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* Escritor, Pesquisador, Doutorando em Estudos Contemporâneos pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra, Mestre em Direito Ambiental pela Universidade Católica de Santos, Urbanista e Advogado.
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