Por Yury Tupynambá*
Na Economia e no Futebol, desde os anos dourados do juscelinismo (década de 50), o Brasil viveu duas décadas perdidas, a de 1980 e a de 2010.
Nos anos 1950, a taxa anual média de crescimento econômico do Brasil foi por volta de 7,4% e, pela primeira vez, vencemos a Copa do Mundo de Futebol da FIFA, sediada em 1958 na Suécia, com destaque para nossos craques Pelé, Garrincha, Zagallo, Didi e Vavá. Insta constar, por imperativo, que em 1950 tínhamos sediado a Copa do Mundo, tendo perdido a Final para a Província Cisplatina (digo, o Uruguai), no Maracanã.
Na década seguinte (1960), que seria marcada pelo início dos anos de chumbo, crescemos a taxa anual média de 6,2%, vencendo a Copa do Mundo sediada em 1962 no Chile. Embora tenha feito gol no primeiro jogo, o Rei Pelé se lesionou logo na segunda partida e ficou impossibilitado de jogar os demais jogos, tendo sido substituído por Amarildo. Garrincha e Vavá foram as grandes estrelas, sem prejuízo da também notável atuação de Zito.
Os anos 1970 ficaram conhecidos como o período do "milagre econômico brasileiro", tendo nessa década o Brasil crescido 8,7% a taxa anual média. Mas o motivo do otimismo do Brasil como "país do futuro" não era apenas econômico: no Futebol, conquistamos nosso Tri-Campeonato Mundial, sediado em 1970 no México, com aquela que foi considerada a melhor equipe de futebol de todos os tempos com Pelé (em sua última edição de Copa do Mundo), Tostão, Carlos Alberto Torres, Jairzinho, Gérson, Piazza, Clodoaldo e Rivelino.
Esgotado o modelo político e econômico que deu sustentação a nosso crescimento econômico, então representado pelo Regime Militar, a década de 80 foi um período paradigmático de "repactuação" nacional (embora com mais continuidades do que rupturas), fruto de nossas crises econômica e política – e, por coincidência, também no Futebol. Em média, o PIB aumentou apenas 1,7% ao ano, e não ganhamos nenhuma Copa do Mundo.
Nos anos 90, a taxa média anual de nosso crescimento econômico foi de 2,6%. O Plano Real, liderado pelo (primeiramente Ministro da Fazenda e depois) Presidente Fernando Henrique Cardoso e sua equipe econômica, pôs fim à nossa hiperinflação (que chegou a atingir por volta de 5.000% ao ano, de julho de 1993 a junho de 1994), estabeleceu o câmbio flutuante e criou o regime de metas fiscais de superávit primário, dando estabilidade macroeconômica ao nosso país. No Futebol, vencemos pela 4ª vez a Copa do Mundo da FIFA, sediada em 1994 nos Estados Unidos da América do Norte, com Bebeto, Dunga, Romário e Raí.
Ná década de 2000, a primeira do 3ª Milênio, já macroeconomicamente estabilizado, o Brasil cresceu a taxa média de 3,6% ao ano. No Futebol, conquistamos o título inédito de Pentacampeões do Mundo, durante a Copa da FIFA sediada em 2002 na Coreia do Sul/Japão, com Cafu, Roberto Carlos, Ronaldo "Fenômeno" (o artilheiro da Copa, com 8 gols) e Ronaldinho Gaúcho.
Os anos 2010 foi nossa segunda "década perdida", tanto na Economia (quando tivemos a maior recessão econômica de nossa história, com uma queda de 10% no PIB per capita), quanto no Futebol. Coincidentemente, nesta década sediamos a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas Mundiais em 2016. A derrota para a Cisplatina (digo, o Uruguai) em 1950 representou paradoxalmente o início de um período marcado por grandes conquistas econômicas e futebolísticas, entre as décadas de 50 e 70. Após a década perdida de 1980, sobretudo a partir de 1994, ano paradigmático pela conquista de nosso Tetracampeonato Mundial de Futebol e pelo advento do Plano Real, vivenciamos um novo período de otimismo econômico e futebolístico, que mais uma vez paradoxalmente se frustrou com uma década em que o Brasil sediaria a Copa do Mundo e as Olimpíadas e que sucederia o ano de 2010, marcado pelo entusiástico crescimento econômico de 7,5% (mesma taxa vivenciada em 1986, ano em que fora eleita nossa "Assembleia Nacional Constituinte", fruto do estelionato eleitoral decorrente do Plano Cruzado). Perdemos as Copas de 2010, 2014 (de 7x1 pra Alemanha, em nossa própria casa!) e 2018. Vivemos a pior recessão econômica de nossa história e ainda estamos vivendo a pior crise política, ética e institucional de nossa História.
Se Deus é mesmo brasileiro, que Ele tenha misericórdia do Brasil para as próximas décadas. Pois, "In God We Trust", ou melhor, "Deus seja louvado"! Que venham as próximas décadas com muitos títulos de mundiais de futebol e com grande desenvolvimento socioeconômico (melhores índices de PIB per capta, IDH e GINI). Que em 2050 as previsões para os BRIC, notadamente para o Brasil, sejam uma realidade que reflita em melhores condições de vida para todos os brasileiros!
Até lá, no entanto, ainda temos uma difícil crise para solucionar, cuja principal arena para enfrentamento se encontra não nos estádios de futebol (muitos dos quais ainda inacabados para a Copa de 2014, que já passou), mas sim nas urnas, em 07 de outubro de 2018... O Brasil precisa de cada um de nós, cidadãos brasileiros, que ainda podemos ser os verdadeiros heróis!
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* Advogado, MBA Executivo em Ciências Políticas e Mestrando em História Política. Atualmente, cursa segunda graduação em Economia.
Análise interessante. 👏👏